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terça-feira, 14 de agosto de 2012

O Terno Emprestado




O primeiro aconteceu quando minha avó era criança. Ela e a família moravam numa fazenda na região de Juiz de Fora. O avô dela, meu trisavô portanto, morava com minha bisavô e bisavó. Era uma pessoa muito simples, que sempre foi trabalhador rural e só usava sapato para ir a missa. Um dia, como todos nós vamos um dia, ele morreu. Como ele não tinha terno, meu bisavô "emprestou" um para ele. Claro que não receber de volta... Bom, só que meu bisavô "derramava" um pouco. É fato conhecido que o interior de Minas produz uma das melhores cachaças do país. E como meu bisavô gostava. Quando ele bebia demais ele se exaltava e falava um monte de besteira. Entre elas estava a pérola que ele jogava na cara da minha bisavó: "E seu pai era um miserável. Eu que tive que dar o terno para o velório".

Uma noite todos os adultos estavam conversando na sala da sede da fazenda e minha avó foi para uma despensa que ficava do lado de fora da casa. Ela não lembra muito bem porque. Mas o que aconteceu depois ela nunca esqueceu. Os adultos ainda conversavam quando ela voltou tremendo de medo, quase chorando e com o cabelo literalmente em pé. Minha bisavó perguntou,
preocupada:
      - O que foi minha filha ?
      -  Mamãe, eu vi um velhinho lá atrás com uma roupa no braço.
      - Que velhinho, que roupa ?
      - Acho que era vovô que veio devolver o terno.
Depois dessa meu bisavô nunca mais falou nada do bendito terno. Acho que ele não iria querer usar de novo.


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